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ORIGEM DA CANTORIA E DA VIOLA E PARTICIPAÇÃO DE ZÉ EDMILSOM LÍDER EM FOCO FM 10,4 LAGOINHA






NO PROGRAMA LÍDER EM FOCO O ENTREVISTADO É O POETA ZÉ EDMILSOM ÁS 12: HS. APRESENTAÇÃO J. HONORATO E BRANCA SOUSA

A nossa poesia popular floresceu em Provença, sul da Franca, no Século XI, através dos trovadores Regréis e Jograis. Na Espanha a poesia floresceu através dos palacianos. Foi em Homero, maior dos rapsodos, cantando as façanhas de Ulisses diante de Circe e do gigante Polifemo, que Virgílio encontrou a fonte inspiradora para a realização de sua obra monumental.
Eram os trovadores da Provença, que levaram a alegria aos senhores feudais, enclausurados nos seus castelos de guerra. Enfim, foi Dom Diniz, maior monarca da Dinastia de Borgonha, que se proclamou discípulo dos provinciais, em suas cantigas de amigo e de amor. Todavia, ninguém melhor do que o poeta Antônio Ferreira, de Portugal, falou de sua grandeza, quando disse: Regeu, edificou, lavrou, venceu, honrou as musas, poetou e leu".

A fusão da poesia local portuguesa com a poesia dos Trovadores Jograis de Provença fez surgir novas formas poéticas de linguagem de seus famosos poetas: João Soares de Paiva, Paio Soares de Traveiros e outros. "Mas, coube ao Brasil o privilégio do aparecimento do legitimo cantador de Viola, com Gregório de Matos Guerra, que deixava a Universidade de Coimbra fazendo verso* de protesto a direção daquele estabelecimento de ensino. Nascido na Bahia, no Sec. XVII e o primeiro doutor brasileiro. Seguido pelo Padre Domingos caldas Barbosa, que, também, improvisava ao som da viola". (1).
A poesia, atravessando a fase colonial, veio alcancar seu apogeu na pequena Paraíba de Augusto dos Anjos e de José Américo, pois quiseram as divindades do Olimpo que, naquele torrão, bendito pelas sacrossantas musas di longinquo Parnaso, nasceram os maiores cantadores que tem notícia na história do folclore nacional.
"No Nordeste, os jesuítas catequizavam por meio da poesia por ficar mais fácil de conservar a mensagem na memória, seguindo assim o estilo da Grécia Antiga". (2).
Ninguém melhor do que o cantador, pode sentir a variedade de quadros de que o cotidiano nos apresenta. Traz dos sertões para as cidades o retrato da natureza, na sua expressão criadora, bem como o do rigor que castiga dentro de suas leis imutáveis.
No entender de alguns estudiosos (intelectuais) o cantador tem uma imagem completamente distorcida da sua formação verdadeira. Isto porque já foi registrada a presença de cantadores caracterizados de vaqueiros, por incumbência de pessoas que fazem folclore com pouca profundidade no assunto. Então havemos de concluir que o cantador, o legítimo repentista, e o mais feliz dos imortais, porque seu mundo não é o da maldade, não é do egoísmo, e, sim, o doce paraíso das imaginações criadoras. Citaremos a sábia e patriótica expressão de Antônio Girão Barroso, conhecido escritor cearense: "Ai do país que abandona as raízes da cultura".
A cantoria de versos* improvisados ao som da viola é uma arte que floresceu no meio rural do Nordeste, especialmente no sertão, e que só aos poucos vem conquistando público das grandes cidades. A razão principal desse fato e possivelmente, o número crescente de pessoas que se deslocam do interior para as metrópoles em busca de melhores condições de vida, e levando consigo hábitos culturais profundamente enraizados.
"1830 é considerado, historicamente, o ponto de partida da poesia popular nordestina. Em torno dessa data nasceram Urgulino do Sabugi - o primeiro cantador que se conhece - seu irmão Nicandro, ambos filhos de Agostinho da Costa, o Pai da Poesia Popular". (4).
Nascidos na Serra do Teixeira (PB), entre l840 e 1850, foram seus contemporâneos os poetas Germano da Lagoa, Romano da mãe D'Agua e Silvino Pirauá. E já contemporâneos destes, Manoel Caetano e Manoel cabeleira. São os mais antigos cantadores conhecidos, todos chegando a década que se iniciou em 1890. A década que começou em 1860 viu nascer grandes nomes, como João Benedito, José Duda e Leandro Gomes de Barros. Mais adiante, na década que se iniciou em 1880, nasceram Firmino Teixeira do Amaral, João Martins de Ataíde, Francisco das Chagas Batista e Antônio Batista Guedes.
Diferente do que acontecia em qualquer parte do Brasil, sabe-se que no Nordeste, o cantador independia de acompanhamento. No fim de cada pé, terminando-se cada linha do verso*, dava um arpejo na viola ou rebeca. Entre um verso*(estrofe*) e o seguinte, entoado pelo antagonista executava-se algum trecho musical, alguns comparsos.
"Os velhos cantadores do Sertão Nordestino do Brasil só tocavam as violas ou soavam os pandeiros nos intervalos dos cantos. Desafio* simultaneamente acompanhado da viola é posterior a 1920 " (5).
" Nossos repentistas, cantadores e poetas populares, foram, no entanto, até cerca de 1920 ou de 1930, uma expressão de intelectuais dos sítios, das fazendas, das vizinhanças, do mundo em que vivera. Os desafio*s dos violeiros são tão velhos quanto o mundo" (6).
A viola, como as demais criações do homem, tem sua presença marcante desde sua criação, até os dias atuais. A viola é um instrumento de caráter onomatopáico*, embora haja quem lhe atribua origem germânica. É a designação genérica de uma família de instrumentos de corda, tocados com arco de crina, produzindo som mais melancólico, menos claro e de timbre nasal.
O primeiro instrumento do cantador sertanejo parece ter sido a viola, menor que o violão (guitarra espanhola), do qual não há notícia, entre nós, antes do Sec. XVIII. A viola de pinho, viola de arame, com 5 ou 6 cordas duplas, é citada entre outros aqui, pelo Padre Fernão Cardim. Antigamente, depois de cada vitória o cantador amarrava uma fita colorida em suas cravelhas*.
Entre os poetas populares, ainda preserva-se algumas superstições quanto ao uso da viola. Diz-se que esse instrumento sofre a influência da lua. Na lua nova e na força da lua não se guarda viola afinada, porque ela pode ficar corcunda, entortar e rebentar as cordas. Madeira para viola deve ser cortada nos meses que não tem "r": maio, junho, julho e agosto, e na minguante, para nunca apanhar caruncho* .
Há um certo consenso entre os cantadores, que o repentista que se preza não carrega viola debaixo do braço, e sim, na mão, segurando-a pelo braço. A viola é uma mulher e quem sai com ela na rua, a leva de braço dado. A axila é lugar de escorar a muleta e não a viola, que carregada debaixo do braço fica reumática, não afina mais, fica mancando das cordas.
A viola foi difundida na Europa no Sec. XIV. Ela surgiu depois da rebeca* medieval e antes da atual família de violinos. É possível que tenha sido o primeiro instrumento de cordas que o Brasil conheceu, importado de Portugal. Os jesuítas a empregavam nos seus trabalhos de catequese junto com o pandeiro, tamborim e a flauta de madeira.
Lendo a antologia de nossos poetas populares, constatamos que somente três cantadores, não apropriavam-se do recurso da viola: Inácio da Catingueira( Manoel Luis de Abreu), negro, ex-escravo; e Fabião das Queimadas ( Fabião Hermenegildo Ferreira da Rocha), norte-riograndense, que cantaram no século passado, utilizando um pandeiro e Cego Aderaldo (Aderaldo Ferreira de Araujo), que cantava acompanhado ao som de sua rabeca.



                          GÊNEROS CLÁSSICOS DA POESIA NORDESTINA

SEXTILHAS-Talvez, por ser mais fácil, seja o gênero mais preferido pelos nossos cantadores, principalmente no início das apresentações. Seu criador foi Silvino Pirauá Lima. A sextilha é uma estrofe* com rimas deslocadas, constituída de seis linhas, seis pés ou de seis versos* de sete silabas, nomes que tem a mesma significação.

SETE LINHAS OU SETE PÉS - No inicio do século atual, o cantador alagoano Manoel Leopoldino de Mendonça Serrador fez uma adaptação a sextilha, criando o estilo de sete versos*, também chamado de sete pés, rimando os versos* pares até o quarto, como na sextilha; o quinto rima com o sexto, e o sétimo com o segundo e o quarto.

MOURÃO - Muito interessante é o Mourão, gênero que se canta em dialogo. Sua forma originaria, de seis versos*, foi substituída pela de cinco, ainda no século passado. O Mourão, na sua essência, conceitua-se como o desafio* natural. Gênero poético dos mais difíceis nunca desdenhado pelos nossos repentistas, ajusta-se-lhe melhor a denominação de trocadilho, porque, em dialogo, os articulistas se revezam nos versos* e nas estrofes*. Exemplicamos aqui, apenas uma de suas variantes, no caso, "o mourão voltado".

DÉCIMA - embora de origem clássica, é a decima um estilo muito apreciado, desde os primórdios da poesia popular, principalmente por ser o gênero escolhido para os motes, onde os cantadores fecham cada estrofe* com os versos* da sentença dada, passando a estância a receber a denominação de glosa*.

GALOPE A BEIRA MAR - Gênero muito apreciado pelos apologistas da poesia popular, juntamente com o martelo, recebeu a denominação de décima de versos* compridos. O galope e assim chamado em virtude de ser empregado mais em temas praieiros. Foi criado pelo repentista cearense "Zé Pretinho", natural da cidade de Morada Nova.

TOADA ALAGOANA - é um gênero pouco usado, porém muito bonito, em virtude das rimas encadeadas de forma agradável a toada.

REMO DA CANOA - Estilo originário das emboladas de côco, recentemente adaptado para as as cantorias de viola, uma inovação do poeta repentista Ivanildo Vilanova. Sua toada melodiosa é muito bonita e suave, sendo bastante apreciada pelos apologistas da poesia popular.

BRASIL CABOCLO - Considerado um dos estilos mais preferidos pelo repentista nordestino. Consiste em uma estrofe* de dez versos* de sete sílabas, semelhante ao estilo da décima, isto é, seguindo o mesmo sistema das estrofes* de dez linhas.

MARTELO AGALOPADO - O martelo atual, criação do genial violeiro paraibano Pirauá Lima, e uma estrofe* de dez versos*, em decassílabos, obedecendo a mesma ordem de rima dos versos* da decima. Todavia, sua denominação não vem do fato de ser empregado como meio de os cantadores se martelarem durante suas pugnas*. Sua significação esta ligada ao nome do diplomata francês Jaime de Martelo, nascido na segunda metade do Sec. XVII, que foi professor de Literatura da Universidade de Bolonha, portanto, o criador do primeiro estilo.

O BOI DA CAJARANA - A transformação de mote em estilo da cantoria tem sido a principal criação da Literatura de Cordel Oral, nas últimas décadas do século XX.De autoria de Ivanildo Vilanova e Adauto Ferreira, originou-se do mote: "Eu quero o boi amarrado/No pé da cajarana. A consagração do estilo foi muito rápida, mesmo com a quebra da métrica no segundo verso* do mote.

O QUE É QUE ME FALTA FAZER MAIS - Derivado da décima, O Que é Que Me Falta Fazer Mais, é um mote decassílabo, que transformou em gênero pela extraordinária aceitação popular. Rico em conhecimentos e doce em musicalidade, tende a permanecer por muito tempo, na primeira linha da preferência dos amantes da cantoria.

GEMEDEIRA - Pela própria denominação do gênero, vemos que serve para temas gracejantes. É a gemedeira um estilo de poesia, caracterizado pela interposição de verso* de quatro, ou, raramente duas silabas, entre a quinta e a sexta linha das sextilhas, formado pelas interjeições: " ai e ui! ou ai! hum! Esse estilo, geralmente é cantado de forma jocosa e humorística.

QUADRÕES - ao longo do tempo, o quadrão tem sido o gênero a receber o maior numero de alterações, não só na sua forma interna, mas, também, na estrutura das estrofes*, em geral.

REBATIDO - É originário da oitava com versos* septíssilabos. Os versos* dois e quatro terminam, obrigatoriamente com "ido", para rimar com estribilho "No oitavão rebatido", na última linha da estância.

DEZ PÉS DE QUEIXO CAÍDO - este gênero, ainda em voga, esta incluído na décima, apresentado, no final de cada estrofe*, este estribilho: " Nos dez de queixo caído".

ROJÃO PERNAMBUCANO - Diz-se de uma estância de dez versos* heptassílabos nos dois últimos versos*, repetidos pelos cantadores. Esse gênero foi gravado pelos cantadores Ivanildo Vilanova e Severino Feitosa.


ROJÃO QUENTE - É mais uma das recentes criações originárias do mote, que vem, ultimamente, oferecendo novos estilos ao já expressivo acervo do repente. Coqueiro da Baia/quero ver meu bem agora/quer ir mais eu vamos/quer ir mais eu vambora. A obrigatoriedade de metrificação é apenas para a sextilha, que utiliza versos* setissílabos, com a mesma métrica e acentração. Estilo bastante utilizado para encerrar as cantorias.

Fonte: Quixeré Notícias