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DECLINA TRABALHO DA MULHER RENDEIRA


 A falta da clientela é o principal motivo para redução no número de artesãs ( Fotos: Kid Júnior )
 No passado, os turistas vinham atraídos pela delicadeza deste artesanato de fios de linha, almofada recheada de palha, e bilros de madeira com cabeça de coco, que dançavam nas mãos ágeis das mulheres ao fazer o "ponto no ar"
Fortaleza. Falta de turista na rota do litoral e equipamentos sucateados são os principais gargalos apontados para o declínio do ofício das mulheres rendeiras no Litoral Leste. Tanto na Prainha quanto no Iguape, no litoral de Aquiraz, o número de artesãs foi reduzido pela metade. A queixa maior é com relação à falta de apoio governamental e à falta de visão do trade.
>Artesanato foi herdado de colonizadores portugueses
No Iguape, o número de mulheres rendeiras, com suas almofadas e os bilros, ficou reduzido pela metade e tende a ser ainda menor por falta de clientela e por não ter um equipamento adequado para a atividade.

A presidente da Associação do Centro Artesanal do Iguape, Mirian Mota, disse que já somaram mais de 60 associadas. Atualmente, o número ficou reduzido a 30. Lembrou que a falta de vendas acelerou o processo de desmotivação das trabalhadoras, associado com um centro artesanal bastante desgastado. Em tempos de chuvas a estrutura física do prédio fica comprometida. Apesar da reforma, ainda falta o principal: motivar o visitante a conhecer o Iguape.
Atraso
Na Prainha, a redução no número de artesãs também segue tendência parecida. A presidente da Associação das Mulheres Rendeiras, Maria Cleide dos Santos Costa, disse que há ainda 30 mulheres que continuam na atividade. O problema mais sério é com relação à conclusão das obras do Centro de Rendeiras da Prainha.
Na assinatura da ordem de serviço, a primeira-dama do Estado, Onélia Leite Santana, afirmou que o "Centro de Rendeiras da Prainha é mais uma conquista histórica dos artesãos na gestão do governador Camilo Santana, que vem garantindo, desde ano passado, diversos benefícios ao artesão cearense e também ao segmento".
A questão é que a obra deveria ser entregue em fevereiro, mas os serviços não foram concluídos. A reportagem procurou a Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Social (STDS), para esclarecimentos sobre o atraso e o prazo de conclusão dos serviços, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.
Divulgação
O titular da Setur, Arialdo Pinho, no entanto, prometeu que haverá incentivos para a retomada do fluxo do turismo nas praias cearenses. Ele disse que o trabalho dos artesãos e rendeiras do Litoral Leste será diretamente beneficiado pela Rota das Falésias. "O roteiro integra os municípios da região e tem como objetivo unir esforços para ganhar em competitividade e sustentabilidade", informou. A Rota das Falésias é uma iniciativa da Setur, juntamente com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae-CE), as prefeituras e os empresários locais.
"Nossa intenção é estruturar esse roteiro turístico no Litoral Leste para aumentar o fluxo de turistas, garantindo uma maior permanência e aumentando o gasto médio dos visitantes nesses municípios. Os micros e pequenos empreendimentos da cadeia produtiva do turismo da região, assim como as rendeiras e os artesãos em geral são beneficiados diretamente", destacou o secretario do Turismo, Arialdo Pinho. A Rota, formada pelos municípios de Eusébio, Aquiraz, Pindoretama, Cascavel, Beberibe, Aracati, Fortim e Icapuí, reúne os atrativos e empreendimentos turísticos.
Desmotivação
Aos 62 anos, Francisca da Silva Alcântara, filha de pescadores, casada com pescador, aprendeu ofício da renda de bilro com sua mãe. Ela disse que a atividade representava, no passado, um dinheiro complementar da pesca. No entanto, a realidade mudou. A queda nas vendas a tornou pessimista e acredita que seja por isso o desinteresse das novas gerações. "Não vejo mais motivação das meninas de hoje em sequer querer aprender a fazer renda na almofada", desabafou.
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Novos atrativos não justificariam omissão social
Gilmar de Carvalho
Professor da UFC
Hoje, as rendeiras parecem cientes de que este ofício ficará cada vez mais restrito. Os centros das rendeiras são equipamentos obsoletos e pouco visitados pelos ônibus que levam os turistas pelo litoral. Deve ter havido um deslocamento dos interesses do trade e dos visitantes.
Rendeiras continuam na Juritianha, a meio caminho entre Itarema e Acaraú. Muitos ainda comercializam e encomendam rendas. Cai, mas não vai se acabar. Manifestações culturais tão arraigadas às nossas práticas, nossa memória e nossa história, se transformam, se moldam a outros padrões. Talvez seja o instante de uma atuação mais efetiva dos gestores da cultura, da ação social e do turismo. A renda é importante demais e não justifica nossa omissão.
Fonte: DN