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Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Alceu Valença dividem o palco para comemorar 20 anos de parceria




 

Os músicos Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo aportam em Fortaleza para Grande Encontro
Há duas décadas, alguns dos principais nomes da música nordestina se reuniram pela primeira vez para um Grande Encontro. Em comum estava a devoção à identidade cultural brasileira e nordestina, mesclando originalidade e respeito às raízes da tradição, sem abandonar a irreverência característica. Agora, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Alceu Valença abrem mão de suas particularidades para compartilhar o palco, em comemoração ao longevo projeto que em 2016 ganhou uma nova roupagem.
Desde o ano passado, Elba e Geraldo já estavam fazendo shows juntos, com grande repercussão do público e planos de gravar um DVD. "Por questões burocráticas, a gravação deste novo DVD acabou indo para 2016. E justamente em 2016 comemoramos 20 anos do projeto original. Já havia o desejo de comemorar os 20 anos do projeto, então houve uma adaptação do meu projeto com Geraldo, para o Grande Encontro. Alceu foi muito receptivo e aceitou na hora", afirma Elba.
A primeira formação do Grande Encontro contou também com Zé Ramalho que, dessa vez, preferiu seguir focar no seu show de comemoração de 40 anos de carreira, mas a amizade continua. Deixando de lado a pegada acústica que marcou o show original, a nova turnê traz uma banda com sete músicos, conferindo uma caráter mais elétrico e visceral ao repertório. "Há também músicas que não estavam no primeiro show, como 'Ciranda da Traição', uma música inédita minha, e 'Me Dá Um Beijo', composição que fiz em 1972 para meu LP de estreia, em dupla com Geraldo. Ainda temos Elba cantando 'Sangrando', de Gonzaguinha, entre outras", ressalta Alceu.
Identidade
Para dar uma nova cara ao show, o trio passou por um intenso processo criativo em conjunto, levando em conta tudo que cada um desejava realmente cantar. A turnê passou pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Uberlândia, Teresina, Vitória, João Pessoa, entre outras cidades, e agora chega a Fortaleza para reforçar a relação íntima que eles têm com o público cearense.
"Estamos na quarta edição d'O Grande Encontro. Nenhuma foi igual, nem parecida com a outra. O ponto em comum sou eu e Elba. No primeiro registro, somos quatro em formato voz e violão. No segundo, gravamos em trio e em estúdio. Já no terceiro, fizemos um DVD ao vivo, com Elba, Zé, eu e participações especiais. Agora no quarto voltamos com outra proposta artística e uma nova sonoridade, com uma banda de sete músicos, Elba, Alceu e eu!", conta Geraldo.
Com direção de cena de André Brasileiro e cenários assinados por Gringo Cardia, elaborado com base em painéis do artista plástico baiano J. Cunha, a apresentação com a banda possibilitou que o roteiro contemplasse um pouco dessas três carreiras sólidas, marcadas por personalidades fortes e que não saem do imaginário popular. Única mulher do trio, Elba afirma que não foi uma tarefa fácil, ainda que calorosa, elaborar o repertório e que tem sido um desafio de cantar em tons distantes ao seu original, já que boa parte das músicas pedem um timbre mais masculino.
O repertório conta com trios, duetos e momentos solos, trazendo clássicos como "Anunciação", "Banho de Cheiro", "Dia Branco", "Tropicana", "Caravana", "Belle de Jour", "Canção da Despedida", "Coração Bobo", "Ciranda da Rosa Vermelha", "Bicho de Sete Cabeças" e outras. "Como se trata de um show relativamente longo, não há espaços para improvisos. Fizemos uma boa seleção de repertório que funciona bem em todas as cidades. Mesclamos músicas mais antigas com algumas mais atuais e até algumas inéditas", pontua Elba.

O repertório tentou contemplar influências e autorreferências dos artistas, essenciais para os fãs mais tradicionais do trio. "Por exemplo, eu canto 'Moça Bonita', de Geraldo, ao lado dele, porque gravei-a recentemente para a trilha da novela Velho Chico. Geraldo sugeriu 'Me Dá um Beijo' e 'Papagaio do Futuro', que defendemos ao lado de Jackson do Pandeiro no Festival Internacional da Canção de 1972. Incluímos também 'Caravana' e 'Táxi Lunar', parcerias minha com Zé e Geraldo, que cantamos em trio, assim como 'Banho de Cheiro', do nosso parceiro Carlos Fernando; 'Frevo Mulher', de Zé; 'Sabiá', de Luiz Gonzaga, que explicita a influência ibérica na canção nordestina, e por aí vai", conta Alceu.
Renovação
Apesar do reconhecimento que o trio conquistou no decorrer dos anos, Elba conta os espaços na mídia sejam cada vez mais restritos, mas que existe uma tentativa de renovação artística. "O mercado de música mudou completamente, a forma de se comunicar mudou e as redes sociais se tornaram fundamentais nos processos de comunicação. Antigamente, o rádio era o grande veículo de comunicação que promovia uma integração muito grande de toda a nossa música. Hoje em dia, os setores são cada vez mais segmentados. A música que se faz no nordeste é uma coisa, a música que se escuta nas rádios é outra coisa".
Geraldo já percebe o mercado de uma forma um pouco diferente. Para ele, o importante é continuar compondo e cantando aquilo que acredita, pois é o que vai determinar uma progressão da história recente da música brasileira. "Acho que no Nordeste, como em outros lugares, tem muita coisa boa sendo feita e muita música descartável também, que não vai influenciar nem a mim e nem a ninguém, passa um tempo e ninguém lembra mais delas!", diz.
Alceu também faz duras críticas à produção musical contemporânea. "Costumo dizer que o Brasil precisa urgentemente redescobrir sua trilha sonora. Hoje adotamos, por exemplo, um sotaque soul que nada tem a ver com a nossa identidade, nossa dicção. Uma embocadura muito mais próxima do Texas ou de Detroit do que do agreste e do sertão, que nos legaram uma cultura riquíssima e que, infelizmente, estamos deixando de lado".
Mais informações:
O Grande Encontro
Hoje (3), a partir das 21h, no Centro de Eventos do Ceará (Av. Washington Soares, 999, Edson Queiroz). Ingresso: R$120 (inteira) e R$60 (meia) na arena. Cadeiras esgotadas. (85) 3033.1010
DN