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Festa de Iemanjá é reconhecida como patrimônio cultural


Para os umbandistas, o reconhecimento é uma vitória da resistência e da luta contra o racismo e a intolerância religiosa
A Festa de Iemanjá, conhecida na cultura africana como a Grande Mãe de todos os orixás e Senhora das Águas, acontece há mais de 50 anos na Capital ( Foto: Kid Júnior )
01:00 · 30.09.2017
Em um momento histórico para a tradição religiosa do Ceará, a Festa de Iemanjá é reconhecida como patrimônio cultural imaterial de Fortaleza. Na reunião extraordinária do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Histórico-Cultural desta sexta (29), no Centro Cultural Belchior, o reconhecimento do ritual tradicional da Umbanda foi aprovado por unanimidade na votação que contou com a presença de personagens fortes da religião no cenário de Fortaleza, dando voz ao clamor por respeito e tolerância.
A Festa de Iemanjá, conhecida na cultura africana como a Grande Mãe de todos os orixás e Senhora das Águas, acontece há mais de cinquenta anos em Fortaleza, originada por Mãe Júlia na Praia do Futuro. Hoje, as festividades lotam as Praias do Futuro e de Iracema com devotos, observadores e curiosos desde então. Ressaltando a importância do ritual e da própria Umbanda para a construção da sociedade cearense, o antropólogo responsável pela pesquisa, Jean dos Anjos, fala que o reconhecimento da maior festa pública de Umbanda da capital é fruto do "protagonismo do povo de santo, principalmente das mulheres; as mulheres de axé". "Essa oficialização significa entregar ao povo de terreiro o que já é deles, como registrar um filho que estava sem registro", refletiu o coordenador da pesquisa.
A votação foi precedida pela apresentação dos resultados e conclusões da pesquisa que durou seis meses. A gerente da Célula de Gestão em Patrimônio Imaterial da Coordenação do Patrimônio Histórico e Cultural, Graça Martins, conta que a Festa de Iemanjá sempre foi um movimento que sofreu perseguições, e que esse marco da inclusão da festa no livro das celebrações é uma resposta à intolerância religiosa que tem sido expoente na realização da festa.
A festa, que acontece no mês de agosto, terá uma série de Recomendações de Salvaguarda que incluem fomento dos órgãos públicos para dar suporte à realização da celebração, disponibilização de estrutura para os devotos e elaboração e execução de um plano de segurança que possibilite a realização da festa sem obstáculos.
Hoje, apenas as festas que acontecem na Praia do Futuro e na Praia de Iracema têm subsídio estrutural do governo. O secretário da Cultura de Fortaleza, Evaldo Lima, declara que o reconhecimento da festa significa, antes de tudo, respeito pela diversidade religiosa, cultural e étnica: "Esse processo significa o respeito à memória, à pluralidade. Ele é uma mensagem de paz e de valorização da identidade cultural afro-brasileira".
A aprovação do pedido, realizado em 2011 pela União Espírita Cearense de Umbanda (Uecum), e em 2015 pelo Instituto de Difusão da Cultura Afro-Brasileira (Indica), foi cantada e comemorada com música e dança pela comunidade umbandista presente na reunião.
Juliana Holanda, técnica das Secretarias de Cultura no setor de Patrimônio e de Candomblé, reconhece a relevância da conquista para as religiões de matriz africana, além da importância tão ressaltada das mulheres não só para a religião, mas para a construção da sociedade cearense e brasileira.
Pesquisa
O Diário do Nordeste possibilitou a pesquisa para reconhecimento da Festa de Iemanjá através de fotos e arquivos que documentaram a celebração desde seu surgimento. A equipe teve acesso ao acervo do jornal trazendo fotos da década de 1980, evidenciando a relevância histórica da festa para a cidade de Fortaleza.
Fonte: DN

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