FESTIVAL INTERNACIONAL DE BONECOS EM OCARA CEARÁ
O Festival Internacional de Bonecos será aberto em Ocara (CE) neste sábado, em homenagem a Pedro Boca Rica
A partir deste sábado (25) até a próxima quinta (30), acontece o Festival Internacional de Bonecos, em homenagem à memória do Mestre Pedro Boca Rica (1936-1991). A programação se divide em duas cidades: neste sábado e domingo (26), a abertura, seminários, oficinas e espetáculos movimentam o município de Ocara (CE), terra natal de Boca Rica, distante a 100km de Fortaleza.
A partir de terça (28), o Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB), em Fortaleza, sedia o restante da programação. O acesso a todas as atividades é gratuito. Neste sábado, após a solenidade de abertura, haverá o seminário "Mestre Pedro Boca Rica: entre afetos, memórias e criações", às 10h, com a participação de Oswald Barroso (Fortaleza), Auricélia Alves (Ocara) e Mestre Luciano Correia (Boi Coração). A mediação fica por conta da pesquisadora e produtora cultural Rejane Reinaldo.
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O festival aconteceria em 2016, marcando os 80 anos de nascimento de Pedro Boca Rica, falecido desde 1991. Apoiada pelo edital de Cultura do Banco do Nordeste, a organização só conseguiu viabilizar os recursos para realizar o evento este mês. O antropólogo e escritor Oswald Barroso, cuja pesquisa voltada às tradições e a sua própria trajetória teve estreita ligação com o percurso de Boca Rica, observa o que deve pontuar nos seminários.
Além da programação ocarense, Oswald vai participar do mesmo seminário na próxima terça (28), às 10h30, no CCBNB. "Vou falar sobre a minha relação com ele e sobre a arte dele. Convivi com Pedro, tive esse prazer, fui a Ocara muitas vezes. Fui ao (Conjunto) José Walter também, na casa dele. E trabalhei muito com as canções de sua autoria. Ele foi compositor também", situa o antropólogo, sobre o artista cearense multifacetado.
Oswald Barroso cita ainda que, como artista múltiplo, Pedro Boca Rica ficou conhecido pelo trabalho com bonecos, mas a amplitude de sua veia criativa rendeu "canções como cocos, baiões, enfim, composições da cultura popular. Ele era um tipo folclórico, que também vivia caracterizado (quanto às roupas). Era um gênio criativo. O trabalho para ele era um divertimento", recapitula.
Legado
Indagado sobre como percebe o legado de Pedro Boca Rica para a cultura cearense hoje, Oswald não vê "injustiça" quanto à valorização da memória do bonequeiro. Observa que a lembrança de sua obra (e da abordagem pessoal) é recorrente entre as pessoas, e não acontece apenas em virtude efemérides.
"Primeiro, em Ocara existe um culto. Ele é uma pessoa bem lembrada por lá. Tem a escola de cultura popular. Era um mestre de estilo próprio, então tinha uma forma de agregar muitas pessoas em torno dele. (Hoje) o Mestre Luciano (Correia) também tem trabalhado no rastro dele", aponta o antropólogo, sobre as referências interioranas.
Em Fortaleza, além da trajetória do Teatro da Boca Rica (criado e mantido no entorno do Centro Dragão do Mar), Oswald Barroso situa que no Conjunto José Walter a referência à arte de Pedro Boca Rica também ainda é forte.
Há três anos, a Prefeitura de Fortaleza inaugurou, no bairro, o Centro de Educação Infantil Pedro Boca Rica. "Os artistas de classe média na cidade (e que se interessam pela cultura popular) também têm referências dele. O Augusto Bonequeiro trabalha (há muito tempo) com isso, e foi um dos amigos dele", acrescenta Oswald.
Pelo Festival Internacional de Bonecos, antes da solenidade de encerramento, o veterano Augusto Bonequeiro se apresenta na quinta (30), às 19h, no CCBNB, com o espetáculo "Augusto Bonequeiro e o Boneco Fuleiragem"
Fonte: DN
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